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23.1.18

PRAÇA DO COMÉRCIO: Terreiro do Paço, ora pois!

Antes do terremoto de 1755 o então Terreiro do Paço era formado pelo cais da Praia da Ribeira, Paço Real, edifícios da Corte, Alfândega, Armada e armazéns. Na reedificação da cidade pós terremoto, na visão do Marques de Pombal, a Praça do Comércio (área do Terreiro) seria símbolo de uma Lisboa moderna, distante do aspecto medieval e a partir da qual a cidade se expandiria de maneira organizada, deixando de vez o emaranhado de ruas que levava aos campos, na direção do Rossio e organizava em quarteirões o centro comercial da cidade, a Baixa.

FOTO MB: PRAÇA DO COMÉRCIO VISTA DO TEJO



FOTO MB: PRAÇA DO COMÉRCIO VISTA DO CASTELO DE SÃO JORGE

Na Praça foi construído um monumental edifício para abrigar as repartições públicas e algum pouco comércio no andar térreo, sob as arcadas. Um deles está lá até os dias de hoje: Martinho da Arcada, um café que já foi sorveteria (Casa da Neve - 1792), de propriedade de Martinho Rodriguez (1795). É, portanto, o café mais antigo de Lisboa. Dentre seus ilustres frequentadores, Bocage, Fernando Pessoa e Amália. A mesa do Fernando Pessoa está lá até hoje, mas o que valoriza a visita são os quitutes.
FOTO MB: MARTINHO DA ARCADA. DE TÃO PEQUENO, O CAFÉ DISPÕES DE 5 MESAS NO SEU INTERIOR. UMA PORTA LATERAL DÁ ACESSO AO RESTAURANTE, QUE SÓ FUNCIONA PARA O JANTAR. A MESA DE PESSOA FICA AO LADO DA PORTA E DA JANELA, QUE DÁ VISTA PARA A PRAÇA.
 FOTO MB: MARTINHO DA ARCADA. DE TÃO DISCRETA, QUASE NÃO SE VÊ A ENTRADA.
FOTO MB: MARTINHO DA ARCADA. COMO RESISTIR AOS QUITUTES PORTUGUESES?


Outro detalhe encantador sobre a Praça do Comércio é que sua construção demorou mais de um século. Pombal tinha dificuldades financeiras para finalizar seu Plano, mas não poderia esperar tanto tempo para alardear sua principal obra. Assim que para inaugurar a estátua de D. José, Pombal criou cenografia de madeira e gesso escondendo os edifícios em construção e dando todos por concluídos!
FOTO MB: CAMINHADA NO FIM DE TARDE ATÉ O TORREÃO

DA BAIXA À PRAÇA DO COMÉRCIO: caminhar é preciso, viver não é preciso


Na manhã de frio ameno, saí com um destino certo. Mas, como de hábito, fui me “perdendo” pelo caminho, direcionada pela curiosidade. Assim, o reconhecimento da vizinhança de onde eu estava hospedada rendeu ótimas descobertas. Eu estava na Baixa, na Praça dos Restauradores, com o seu obelisco da libertação de Portugal do domínio espanhol, e a poucos passos da Avenida da Liberdade, com suas lojas de grandes marcas internacionais. Dobrei a rua do hotel e me deparei com o Elevador da Glória, que faz a ligação entre a Praça e o Bairro Alto, numa viagem de uns 250m para cima e para baixo. Resisti ao “bondinho” e desci o pequeno trecho da ladeira à pé para alcançar a Avenida da Liberdade. 


FOTO MB: LADEIRA DA GLÓRIA
Encontrei a bela fachada do Cine e Teatro Eden, ao lado do Palácio da Foz. Já estava aberto, e tratei de visitar a lojinha do museu, verificar a programação musical do início da noite e buscar informação impressa no Posto de Informações Turísticas. No início da noite retornei ao Palácio Foz para o concerto de música de câmara, na Sala dos Espelhos. Entrada gratuita para ouvir Beethoven e Mendelssohn.

No mesmo conjunto de prédios está o Museu do Desporto, que vale a visita, mesmo para quem não é admirador da bola, digo, pelota.
 
FOTO MB: PALÁCIO DA FOZ - AGUARDANDO O CONCERTO

Abandonei a ideia do metro e segui pela Liberdade até a Praça do Roccio, com sua estátua de Dom Pedro I, cercada pelo Teatro Nacional D. Maria II e a loja da Ginjinha, onde comprei uma garrafa dessa açucarada e admirada bebida. Segui para a Igreja de São Domingos, na Praça da Figueira, de onde se vê as muralhas do Castelo de São Jorge. Construída no século XIII, a igreja/mosteiro tem as marcas do terremoto de 1755 e do incêndio de 1959. Belíssima, ainda que reconstruída várias vezes. Do outro lado da Praça, na direção do elevador de Santa Justa (São Domingos é a Paróquia Santa Justa – padroeira de Sevilha e dos artesãos de cerâmica) está o Museu Arqueológico do Carmo e os seus arcos góticos à céu aberto.
  

FOTOS MB: PRAÇA DA FIGUEIRA, DE ONDE SE VÊ O CASTELO DE SÃO JORGE
 

Nessa região é interessante observar o nome das ruas e viajar no tempo: da Prata, dos Correeiros, dos Douradores, dos Fanqueiros, dos Sapateiros... Os fanqueiros, por exemplo, eram os mercadores ou fabricantes de fancaria (tecido grosseiro branco e de algodão). Escolha a Rua Augusta e siga até o seu final, na Praça do Comércio, à beira do Tejo. Você verá o MUDE - Museu de Design e da Moda, lojas de artesanato e o Arco da Augusta.


FOTO MB: O ARCO VISTO DA PRAÇA DO COMÉRCIO | O TEJO VISTO DO ARCO DA AUGUSTA

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