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2.3.10

QUEBRADA DE HUMAHUACA: DE SAN SALVADOR DE JUJUY ATÉ HUMAHUACA

O extremo noroeste da Argentina faz questão de destacar que é Kollasuyo (território sul do império Inca). Ao percorrer os 160km de vales e montanhas da Quebrada de Humahuaca, na província de Jujuy, a gente quase acredita que está em território boliviano ou peruano, tamanha fartura de rostos indígenas, tecidos coloridos e lã de lhama. Nem é tão absurdo pensar assim, já que a distância entre Humahuaca, cidade que dá nome a Quebrada, e La Quiaca, fronteira com a Bolívia, é de apenas 165km.

Fotos: MB - as cores de Purmamarca

É por essa Quebrada, de até 4 mil metros de altitude e declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, que encontramos vários pequenos povoados e uma paisagem extremamente colorida que, a todo e qualquer momento, se torna predominantemente ocre. Ela começa a 39 km de San Salvador de Jujuy, pela ruta 9, e o primeiro povoado é Volcán, criado em 1905, em torno da linha férrea que hoje em dia está inoperante. Lá, é possível conhecer a Laguna de Gronda, com 35 hectares de espelho d’água e a estação férrea de arquitetura inglesa. Em Pucará de Volcán ainda se vê casas indígenas “penduradas” nas bordas da Quebrada e o sítio arqueológico “El Antigal".
Foto: MB - o adobe
Mais adiante está Tumbaya, um antigo povoado indígena omaguaca, que preserva sua capela do século XVIII, com pinturas cusquenhas e peças de orfebrería (prata, ouro, cobre).


Fotos: MB - mais cores

Seguindo “ao infinito e além” chega-se em Purmamarca. Pequenina, colorida, simpática e aos pés do Cerro de los Siete Colores, Purmamarca produz impacto visual e cultural. As casas com muros e tetos de adobe (palha misturada ao barro) e o uso da carpintaria de cardón (o cactus do Parque Nacional Los Cardones, lembra?) é muito, muito peculiar.
Foto: MB - Purmamarca

Naquela região, cultuam tanto a Pachamama como o Deus dos cristãos. Sendo assim, o guia quase sequestra você até Humahuaca, pois é preciso chegar lá a tempo de receber a benção de San Francisco Solano. A imagem, que está no relógio do Cabildo, é uma das 3 em todo o mundo (será mesmo?) capaz de mover braços e cabeça na hora da benção. Ela sai da "casinha" diariamente e pontualmente ao meio-dia. 
Não por isso deixe de visitar Maimará para ver o Cerro Paleta del Pintor e Tilcara, que oferece o autêntico artesanato wichi.
Foto:  MB - Maimará - Paleta del pintor - Nas regiões quechuas e diaguitas, fortalezas (pulcará) eram erguidas pelos indígenas em alturas estratégicas. Os cemitérios também.

Em Huacalera, faça pose para uma foto sobre o imaginário Trópico de Capricórnio argentino e só então siga para Uquia. Lá, visite a pequena igreja do século XVIII, de altar entalhado à mão e observe "Los Angeles Arcabuceros" (arcanjos representados com armamento colonial espanhol). Cerca de uns 11 km depois de Uquia, seguindo por uma estrada sinuosa e colorida, você chega em Humahuaca. Em breve nos veremos lá!

Um resumo arqueológico do noroeste argentino pode ser visitado no Museo Arqueológico Dr. Eduardo Casanova, em Tilcara.

27.2.10

SALTA, DA MÚSICA E DOS SABORES REGIONAIS

Música é o que não falta na cidade. Todas as noites vários grupos se apresentam no “calçadão” dos bares, ou seja, ao redor da Plaza 9 de Julio. Durante o consumo de uma única garrafa de cerveja Salta ( a negra é mais saborosa) é possível ouvir El condor pasa de várias maneiras: cantada em espanhol ou em quíchua, tocada em guitarra ou em zampoña, nas caixas de som "estacionadas" nas esquinas... Além disso, os restaurantes fazem vasta divulgação de peñas (ato de comer parrilla ao som de música gaúcha e dança): La Vieja Estación, La Panadería del Chuña e La Cacharpaya, são espaços muito populares.
Foto: MB - na Plaza 9 de Julio, um convite para la zamba

No carnaval (sempre em fevereiro) as ruas se enchem de corsos e comparsas “Y están las carpas, la máscara, el disfraz y el juego con agua, harina o pintura hasta la embriaguez”. Nas quebradas e vales, o grande barato (sem trocadilho) é o desenterro do diabinho, ao som do erke (uma espécie de corneta mapuche), do charango (instumento de corda feito com o casco de um tatu) e do tambor.

Empanadas, locro y mucho más


Ler um cardápio naquelas bandas pode ser uma aventura. Se você pedir tamales, humitas, carne de llama ou de cabrito, acompanhado de um bom vino de Cafayate, vai lamber os beiços! Vou tentar ser didática com o carro-chefe da comida criolla:


Foto: MB - Aqui só faltou o maíz capia (milho branco)

Locro (digamos, quase a nossa dobradinha) - cozido feito com milho, poroto (feijão branco), carne y tripa gorda de vaca (nem vou traduzir….), cerdo, pimentão, cebola de verdeo (salsinha) e ají (pimenta).
Humita (digamos, pamonha) – massa de cebola, pimiento, pimentão, alfafaca, sal, ají e queijo de cabra, envolta em uma folha de espiga de milho.
Tamal (digamos tamales, sempre no plural, já que é impossível comer um só) – massa de farinha de milho, carne de vaca, carne seca, ovo, uva pasa, pimentão, alfafaca, sal, ají , cominho... É bom para caramba.
Frangollo (digamos, nossa canjiquinha ou quirera)
Chanfaina (digamos, picadinho de cabrito)
Carbonada de zapallo (digamos, carne seca com abóbora)

Foto: MB - forno na rua, em Tilcara

Ainda não entendo muito bem a diferença entre pimiento, pimentón e morroto ou entre choclo e maíz, mas sei que eles abusam divinamente dos temperos e a empanada recheada com carne picadinha e assada é o ohhhhhhhhhhhhhhh!!!!
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