Chegar em Montevideo de carro é bem fácil. Pela Ruta 9, rodovia que corta o país de oeste a leste, percorre-se cerca de 300 km até Maldonado. Mas, poucos quilômetros depois da fronteira com o Chuí, no distrito de Rocha, vale conhecer a Fortaleza de Santa Teresa, construída por portugueses no século XVIII.
Sob o sol quente de janeiro, continuamos pela Ruta 9 parando apenas para abastecer até chegarmos em Punta del Este: cidade praiana, com as famosas (e belas) mansões de Maldonado, gente bonita e bronzeada. Ponto. Olhadinha rápida em Punta e
mais duas horas de estrada até chegarmos em Montevideo.
4ª PARADA: MONTEVIDEO
Deixamos nossos amigos em Carrasco, e seguimos para o hotel pela Rambla - 22 Km de orla
do Prata, simplesmente linda. Visual fantástico do pôr-do-sol às 21:00 da noite. Nos hospedamos
no IBIS, recém inaugurado e fomos jantar no restaurante Alto Palermo. Uma gracinha de lugar. Foi nele que tivemos o primeiro contato
com o cardápio criollo. Comemos peixe com purê de papas e chivito (que nada mais é que um sanduíche aberto de picanha).
cerveza Guilmes para acompanhar.
FOTO MB: LA RAMBLA - POCITOS
CANDOMBE: UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA NA RAMBLA
FOTO MB: A TRADIÇÃO SE APRENDE EM CRIANÇA
Conheci o Candombe de maneira não
intencional. Bastou ouvir ao longe tambores soando de forma inusitada (samba? maracatu?), que mudei o rumo naquela direção. A Rambla estava tomada e,
sem cerimônia, acompanhei o grupo. Dançar candombe não é para leigos, mas, do meu jeito, me esbaldei!
A explicação mais objetiva que
encontrei sobre o Candombe uruguaio é de Montaño: “Candombe es el nombregenérico que reciben diferentes danzas de origen africano en Uruguay, y nace dela conjunción de los más de veinte pueblos africanos que fueron traídos comoesclavos a esta región del cono sur. Cada uno de éstos tenía su idioma, suforma de ser, ver y sentir, su cultura, sus danzas y cantos de diferentenaturaleza: sacro o profano, festivo o luctuoso [...]
Aprendi também que há três
maneiras clássicas de Candombe (tipos de toque). Cada toque enfatiza um dos
três tipos de tambor (o menor deles tem som agudo e se denomina
"Chico"; o de tamanho médio chama-se "Repique" e o maior,
de som mais grave, denomina-se "Piano"). Uma verdadeira aula sobre toques dos tambores encontrei aqui.
Se o Candombe do Uruguai foi
declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, foi por mim
declarado o melhor momento em Montevideo!
Falei mais do Candombe aqui
Nas proximidade da esquina da 18 de Julio com Ejido – Plaza do Palácio Municipal, está o Museo de Arte Precolombina e Colonial. Elegemos
o centro velho para conhecer e o Mercado del Puerto para almoçar. Muito legal. Almoçamos parrilla, servida por um mozo (garçom) metido a
falar português. Na parrilla vinha papas fritas, linguiça (chorizo), pollo
(frango), picanha e outras coisas estranhas que eu não lembro o nome (intestino
de boi, pênis de boi, miolo, rim, etc.). Juramos nunca mais comer parrilla
enquanto durasse o calor. Um detalhe: em Montevideo é comum a cobrança de
cobiertos (talheres, que também pode ser entendido como couvert). A cobrança é
feita se você senta em lugares ao ar livre, ainda que só tome uma água ou um
café.
No
caminho entre o hotel e o Mercado del Puerto visitamos o Museo del Gaucho y de
la Moneda, na Avenida 18 de Julio. Só o prédio, de 1896, valeu a visita. O
acervo também é muito interessante. Visitamos a Cadetral,
o Cabildo – onde satisfiz o desejo de viver no glamour do início do século XIX
(só porque tirei uma foto com uma sombrinha de renda), cruzamos o portal do
antigo forte na Plaza Independencia, Plaza Constitución e o Palácio
Legislativo, a sede do Partido Blanco, etc.
FOTO MB: MERCADO DEL PUERTO
Paramos para um café na La Passiva
– uma rede de restaurantes/lanchonete local. Avistamos o teatro Solis, recém-aberto depois de uma restauração que durou
quase uma década, após um incêndio.
FOTO MB: OUTRO ANGULO DA PLAZA INDEPENDENCIA COM LA PUERTA DE LA CIDADELA (COLONIAL)
Depois
do almoço fomos a Tres Cruces (um shopping – rodoviária – casa de câmbio) para
comprar as passagens de ônibus para Colonia del Sacramento e de buquebus que
nos levaria de Colonia para Buenos Aires pelo Rio de la Plata. Dirigir
em Montevideo é igual ou pior que em Curitiba. Sabíamos que a Av. Itália
cortava toda a cidade e que era por ela que deveríamos circular para ir do
hotel (ao sul) até a
rodoviária (centro) e depois para
Carrasco (ao norte) para deixarmos o carro na casa da avó do nosso companheiro de viagem. De lá
tomamos um táxi para Tres Cruces e embarcamos para Colonia. Um parêntese sobre
os táxis no Uruguai: todos têm cabine para o motorista e estão caindo aos
pedaços (nem todos). Você olha o valor registrado pelo taxímetro e lê o valor
correspondente na tabela de conversão que está na “sua metade do táxi” e passa
o dinheiro para o motorista por uma janelinha.
5ª PARADA: COLONIA DEL SACRAMENTO
Bom,
três horas depois de embarcarmos em um ônibus interestadual em Montevideo, onde tinha gente
saindo pela janela, chegamos à Colonia del Sacramento. Já falei dos CINCO MOTIVOS PARA VISITAR COLONIA, mas vou descrever um pouquinho a minha visita, que começou com o pé esquerdo, mas terminou muito bem!
Já
era quase meia noite quando tomamos um táxi desde a rodoviária até o hotel (o trajeto foi de dois quarteirões), que havíamos
localizado e reservado pela internet. Nas fotos, sem luxo porém simpático. Mas a realidade
foi outra (hoje sei que em 2007 ele foi totalmente reformado)Não pensei duas vezes e saí correndo dali. Para onde? Não tínhamos plano B, mas ali eu não dormiria. Paramos
na sorveteria e pedimos informações. Aliás, a noite de Colonia é bem
movimentada. Tem gente circulando pelas ruas até de madrugada. A sorveteria
mesmo só fechava às 2 da manhã.
FOTO MB: PUXANDO MALINHA ATÉ O CAIS
Seguimos a indicação da dona da sorveteria e rumamos
para o Hotel Italiano, na rua transversal, com nossas malas de rodinhas quebrando o
silêncio da rua de calçamento colonial. Na manhã seguinte, um
calor danado! Nunca bebi tanta água.
FOTO MB: MUSEO CASA DE NACARELLO
Colonia
tem calles e plazas com los nogales, casas e mais
casas coloniais transformadas em museus – visitamos 7 dos 10 que tínhamos
direto com o passe museu adquirido no museu do farol. Praças arborizadas e a
Iglesia Matriz também é legal de se ver.
No final da tarde apanhamos as malas e fomos para o porto tomar o
Buquebus que atravessaria o Rio de la Plata, nos levando à Buenos Aires. Demoramos três horas para chegar ao destino. Andava mais devagar que a
Cantareira.
FOTO MB: VISTA DO PRATA DESDE O FAROL
Na loja de passagens tinha fotos de um
veículo que navega em alta velocidade, mas parte direto de Montevideo. Pensamos que o nosso levaria algum tempo para acelerar. Afinal, uma coisa daquele tamanho não
podia sair voando Prata adentro. Só que a coisa daquele tamanho não podia, não
conseguia e acho mesmo que não queria navegar rápido. Ficamos três horas
esperando a aceleração e, ao invés dela, o que vimos foi Buenos Aires se aproximando lentamente.
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