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20.4.10

TANGO DE MIÉRCOLES

FOTO MB: Corrientes

Hoje me pediram dicas de Buenos Aires e resolvi publicar uma que considero preciosa para quem vai enforcar Tiradentes por lá: Tango de Miércoles - um Projeto do Centro Cultural de la Cooperación Floreal Gorini - Av. Corrientes, 1543. É claro, tango da melhor qualidade, para portenhos. Na primeira vez que lá estive, conheci o trabalho do trio Cuesta Arriba, dias antes de su séptima gira europea. Sem dúvida, muito bom!

FOTO MB: Corrientes - Que tal assistir O segredo dos seus olhos na fonte?

10.3.10

HUMAHUACA: A TERRA DOS OMAGUACAS

Com uma população de 14.000 habitantes, Humahuaca é um dos principais povos da Quebrada. Portanto, é o lugar que oferece mais opções de hospedagem e alimentação. Suas ruas estreitas, com calçamento de pedra e as construções de adobe são os maiores atrativos, depois dos pontos “turísticos”: a Igreja Nossa Senhora da Candelária (1641), o Cabildo (com a imagem de San Francisco Solano), o Monumento à Independência (que permite uma ótima vista da cidade), o Museo Folklórico e as ruínas arqueológicas de Coctaca (9 Km).
Foto: MB - Monumento à Independência lá no alto e ao fundo

Não poderia deixar de mencionar o carnavalito de Humahuaca. Só vi a movimentação prévia e ouvi relatos sobre a grande festa que dura nove dias de fevereiro, tem ritos próprios - tais como o de enterrar e desenterrar o diabo e o de oferecer alimento à Pachamama (enterrando frutas e bebidas em buracos feitos para esse fim) -, e mantém viva uma tradição.



Foto: MB - Igreja Nossa Senhora da Candelária - no tour pela igreja é interessante ver as pinturas dos doze profetas feitas por Marcos Zapaca Inca (o mesmo da catedral de Cuzsco), em 1764, e a imagem da santa vestida em ouro.

Humahuaca é a entrada da região de Puna, onde fica Salinas Grandes (que não conheci por causa do piquete na ruta...). Tudo bem, acredito que haverá uma próxima vez!

Foto: MB
Enfim, depois de percorrer cerca de 800km das províncias de Salta e Jujuy, incluindo uma tímida circulada por San Salvador de Jujuy, só posso dizer que me surpreendi com tudo que vi, ouvi e senti. Acredito ser esse um roteiro que deve constar em qualquer lista de “lugares que se deve conhecer”.
Em tempo: Todo mundo, inclusive eu, quer saber sobre as cores das montanhas. Lá vai o que encontrei aqui ó.

9.3.10

PURMAMARCA

Quando vi Purmamarca pela primeira vez precisei de alguns minutos para entender que eu ainda estava no ano de 2010. Imagine um povoado absolutamente ocre, em terreno arenoso e avermelhado, ao pé de montanhas coloridas e com características incontestáveis da passagem dos espanhóis pelo altiplano. Fiquei boquiaberta.


Foto: MB - da estrada

A igreja, datada de 1648, é consagrada a Santa Rosa de Lima e monumento histórico nacional. Ao seu lado está o centenário (e belíssimo) algarrobo, cuja sombra da copa deu descanso às tropas do General Belgrano quando marchavam pela independência. Aliás, fiquei interessada em saber sobre tantas idas e vindas pela Quebrada desde o tempo do Império Inca...


Foto: MB

O Mercado de Artesanato transborda e toma a praça, que fica colorida por uma incontável variedade de mantas, gorros e tapetes. Por ruas laterais, uma caminhada de 4km nos leva ao Paseo de Los Colorados ou, ainda mais próximo, ao cemitério de altura - característico da região.

Foto: MB - a praça é verdadeiro mercado a céu aberto

Pumamarca é farta em hospedarias e a invasão de hotéis boutique começa a ficar evidente. A comida regional, com destaque para a carne de llama, também está bem representada. Mais uma vez, este é um lugar para observar detalhe por detalhe e absorver a quietude inabalada pelo movimento dos turistas.

2.3.10

QUEBRADA DE HUMAHUACA: DE SAN SALVADOR DE JUJUY ATÉ HUMAHUACA

O extremo noroeste da Argentina faz questão de destacar que é Kollasuyo (território sul do império Inca). Ao percorrer os 160km de vales e montanhas da Quebrada de Humahuaca, na província de Jujuy, a gente quase acredita que está em território boliviano ou peruano, tamanha fartura de rostos indígenas, tecidos coloridos e lã de lhama. Nem é tão absurdo pensar assim, já que a distância entre Humahuaca, cidade que dá nome a Quebrada, e La Quiaca, fronteira com a Bolívia, é de apenas 165km.

Fotos: MB - as cores de Purmamarca

É por essa Quebrada, de até 4 mil metros de altitude e declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, que encontramos vários pequenos povoados e uma paisagem extremamente colorida que, a todo e qualquer momento, se torna predominantemente ocre. Ela começa a 39 km de San Salvador de Jujuy, pela ruta 9, e o primeiro povoado é Volcán, criado em 1905, em torno da linha férrea que hoje em dia está inoperante. Lá, é possível conhecer a Laguna de Gronda, com 35 hectares de espelho d’água e a estação férrea de arquitetura inglesa. Em Pucará de Volcán ainda se vê casas indígenas “penduradas” nas bordas da Quebrada e o sítio arqueológico “El Antigal".
Foto: MB - o adobe
Mais adiante está Tumbaya, um antigo povoado indígena omaguaca, que preserva sua capela do século XVIII, com pinturas cusquenhas e peças de orfebrería (prata, ouro, cobre).


Fotos: MB - mais cores

Seguindo “ao infinito e além” chega-se em Purmamarca. Pequenina, colorida, simpática e aos pés do Cerro de los Siete Colores, Purmamarca produz impacto visual e cultural. As casas com muros e tetos de adobe (palha misturada ao barro) e o uso da carpintaria de cardón (o cactus do Parque Nacional Los Cardones, lembra?) é muito, muito peculiar.
Foto: MB - Purmamarca

Naquela região, cultuam tanto a Pachamama como o Deus dos cristãos. Sendo assim, o guia quase sequestra você até Humahuaca, pois é preciso chegar lá a tempo de receber a benção de San Francisco Solano. A imagem, que está no relógio do Cabildo, é uma das 3 em todo o mundo (será mesmo?) capaz de mover braços e cabeça na hora da benção. Ela sai da "casinha" diariamente e pontualmente ao meio-dia. 
Não por isso deixe de visitar Maimará para ver o Cerro Paleta del Pintor e Tilcara, que oferece o autêntico artesanato wichi.
Foto:  MB - Maimará - Paleta del pintor - Nas regiões quechuas e diaguitas, fortalezas (pulcará) eram erguidas pelos indígenas em alturas estratégicas. Os cemitérios também.

Em Huacalera, faça pose para uma foto sobre o imaginário Trópico de Capricórnio argentino e só então siga para Uquia. Lá, visite a pequena igreja do século XVIII, de altar entalhado à mão e observe "Los Angeles Arcabuceros" (arcanjos representados com armamento colonial espanhol). Cerca de uns 11 km depois de Uquia, seguindo por uma estrada sinuosa e colorida, você chega em Humahuaca. Em breve nos veremos lá!

Um resumo arqueológico do noroeste argentino pode ser visitado no Museo Arqueológico Dr. Eduardo Casanova, em Tilcara.

27.2.10

SALTA, DA MÚSICA E DOS SABORES REGIONAIS

Música é o que não falta na cidade. Todas as noites vários grupos se apresentam no “calçadão” dos bares, ou seja, ao redor da Plaza 9 de Julio. Durante o consumo de uma única garrafa de cerveja Salta ( a negra é mais saborosa) é possível ouvir El condor pasa de várias maneiras: cantada em espanhol ou em quíchua, tocada em guitarra ou em zampoña, nas caixas de som "estacionadas" nas esquinas... Além disso, os restaurantes fazem vasta divulgação de peñas (ato de comer parrilla ao som de música gaúcha e dança): La Vieja Estación, La Panadería del Chuña e La Cacharpaya, são espaços muito populares.
Foto: MB - na Plaza 9 de Julio, um convite para la zamba

No carnaval (sempre em fevereiro) as ruas se enchem de corsos e comparsas “Y están las carpas, la máscara, el disfraz y el juego con agua, harina o pintura hasta la embriaguez”. Nas quebradas e vales, o grande barato (sem trocadilho) é o desenterro do diabinho, ao som do erke (uma espécie de corneta mapuche), do charango (instumento de corda feito com o casco de um tatu) e do tambor.

Empanadas, locro y mucho más


Ler um cardápio naquelas bandas pode ser uma aventura. Se você pedir tamales, humitas, carne de llama ou de cabrito, acompanhado de um bom vino de Cafayate, vai lamber os beiços! Vou tentar ser didática com o carro-chefe da comida criolla:


Foto: MB - Aqui só faltou o maíz capia (milho branco)

Locro (digamos, quase a nossa dobradinha) - cozido feito com milho, poroto (feijão branco), carne y tripa gorda de vaca (nem vou traduzir….), cerdo, pimentão, cebola de verdeo (salsinha) e ají (pimenta).
Humita (digamos, pamonha) – massa de cebola, pimiento, pimentão, alfafaca, sal, ají e queijo de cabra, envolta em uma folha de espiga de milho.
Tamal (digamos tamales, sempre no plural, já que é impossível comer um só) – massa de farinha de milho, carne de vaca, carne seca, ovo, uva pasa, pimentão, alfafaca, sal, ají , cominho... É bom para caramba.
Frangollo (digamos, nossa canjiquinha ou quirera)
Chanfaina (digamos, picadinho de cabrito)
Carbonada de zapallo (digamos, carne seca com abóbora)

Foto: MB - forno na rua, em Tilcara

Ainda não entendo muito bem a diferença entre pimiento, pimentón e morroto ou entre choclo e maíz, mas sei que eles abusam divinamente dos temperos e a empanada recheada com carne picadinha e assada é o ohhhhhhhhhhhhhhh!!!!

20.2.10

SALTA, LA LINDA!

Vou discordar daqueles que dizem que a primeira impressão é a que fica. Digo isso porque é o somatório das facetas dessa cidade simpática, de construções coloniais, musical e festeira, que imprime a sua marca. Exemplo: Desembarquei em Salta às 21:30hs, depois de um vôo de duas horas, que partiu do Aeroparque com atraso. Fim de dia? Que nada! Nessa hora, a Plaza 9 de Julio fervilha, de domingo a domingo, iluminada pelos prédios coloniais.


Foto: MB - Catedral Basílica - Museo Catedralicio Monsenhor Carlos M. Perez
Porém, se eu tivesse chegado às três da tarde poderia jurar que o urânio da região tinha sofrido alguma reação desordenada e exterminado toda a população. Tudo porque a cidade efetivamente dorme até as 18 horas, inclusive os cafés, os museus, os restaurantes... Gente, a cidade fica mais vazia que Curitiba no carnaval! Calma. Há pelo menos um oásis gastronômico, que só fecha depois das quatro: Tiempo Libre, na calle Buenos Aires com Alvarado. Simples, mas honesto.


Foto: MB – A quietude da rua e os balcões
A siesta é um desafio para quem deseja visitar, em apenas dois dias, as belíssimas igrejas, os museus e ainda ir em busca de alpaca, prata, couro e rodocrocita, seja no Mercado Artesanal ou nas peatonais Florida e Alberdi. O outro desafio é assistir uma peña até altas horas e madrugar para conhecer a igreja do Convento de San Bernardo, que só abre as portas entre seis e oito da matina. Juro, fiz isso!


Foto: MB - o cartão postal da cidade - Basílica de San Francisco
Retomando. Contorne a Plaza e planeje seu roteiro depois de observar os (rígidos) horários de visitação. Fora o de Antropologia, todos os museus estão ali: de Arte Contemporânea; do Teatro Provincial (ex Cine Teatro Victoria); Histórico do Norte (Cabildo); de Arqueologia de Alta Montanha (com as crianças incaicas do vulcão Llullaiaco); Catedralítico (que fica na Catedral Basílica, que está na praça). Veja, no Cabildo fomos gentilmente convidados a continuar a visitação no dia seguinte, com o mesmo ingresso, pois passava do meio-dia...




Se decidir ignorar a siesta, boa opção é caminhar pelas ruas coloniais, observando os balcões espanhóis que embelezam muitas fachadas ou passear no Cerro San Bernardo e desfrutar a vista da cidade e do Valle de Lerma. A subida/descida pode ser feita por teleférico ou por meio de 1070 degraus, no meio da mata, a partir do Museu de Antropologia de Salta Dr. Leguizamón, próximo ao monumento Güemes.
Foto: MB – Detalhe do Convento de San Bernardo


As igrejas podem ser visitadas entre seis da tarde e oito ou nove da noite: Catedral Basílica, San Francisco (o cartão postal), San José, Candelaria de La Viña... E por falar em igrejas, vi cinco cortejos de recém-casados. O percurso até o local da festa incluía uma voltinha pela Plaza, com eventual paradinha para fotos. Além do buzinaço, das latinhas amarradas e das faixas de papel, a única diferença que observei foi na decoração dos carros dos noivos que, sem exceção, sustentavam no teto um enorme cisne de isopor.

LINKS DA MESMA VIAGEM:

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/03/de-san-salvador-de-jujuy-ate-purmamarca.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/02/enfim-cachi.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/03/humahuaca.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/03/purmamarca.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/02/o-noroeste-argentino-salta-e-jujuy.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/02/salta-da-musica-e-dos-sabores-regionais.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/02/valles-calchaquies-o-caminho-para-cachi.html

12.2.10

ENFIM, CACHI

Em quechua, Cachi significa sal. Na minha língua, significa visão-que-eu-queria-ter-da-janela-da-minha-casa-todas-as-manhãs. Com 5.000 habitantes, a maioria descendente da cultura Diaguita-Calchaquí, tem plantações de cebola e de pimentão e picos nevados. Está a 2.260 msnm, ao pé do Nevado de Cachi que, por sua vez, é o segundo maior monte depois do Aconcagua. Por isso, é um centro de treinamento para alpinistas.
Foto: MB - Igreja de São José (teto de madeira de cardon), ao lado do Museu de Arqueologia


Foto: MB - detalhe do painel pintado por Marcelo D. para o Museu de Arqueologia Pío Pablo Díaz, no Parque Arqueológico El Tero, 2007

A área do cemitério (construído no alto, como manda a tradição Inca) é um mirante. Ouvi histórias sobre OVNIs, mas não vi e nem fiquei pra ver... só sei que uma noite de lua cheia deve ser uma belezura. Outra história que me contaram é que os quintais das casas são verdadeiros sítios arqueológicos...


Foto: MB - vista do Mirador del Norte

Foto: MB - Casas de pedra e adobe rodeiam a igreja de são José (1796) e o Museu de Arqueologia. O tempo passa lentamente.


Foto: MB - O almoço, uma delícia: cabrito, claro!


Foto: MB - o único comércio aberto durante a siesta

post relacionado: O caminho para Cachi e O Noroeste argentino

11.2.10

VALLES CALCHAQUIES: o caminho para Cachi

Confortavelmente acomodados em um 4x4 capaz de transpor o íngreme, estreito e “caracolante” caminho até Cachi, iniciamos nosso primeiro roteiro ao sul de Salta. Já nos primeiros povoados - Cerrilos, La Merced, El Carril e Chicoana – era possível vislumbrar a soberania da natureza. Seguimos pela Quebrada de Escoipe e pelo Valle Encantado (Cuesta del Obispo), acompanhando o Rio Ticuana até a Piedra Del Molino (3.348 ms). Cachi é meio do caminho para as vinícolas de Cafayate. A névoa da foto é natural.

Foto: MB - Piedra Del Molino

Cabritos, vacas, papagaios e condores fazem parte da paisagem. Parar para admirar e fotografar é obrigatório.

Foto: MB - Final da reta Tin Tin

Ingressamos na Recta de Tin Tin para iniciar a “descida” até Payogasta. É o início do Parque Nacional Los Cardones: cactos de até 300 anos e vários metros de altura dividem espaço com escorpiões, aranhas, cobras e amancay. Tudo isso com a Paleta Del Pintor de Salta fazendo fundo. Lindo. No detalhe da foto, a madeira produzida de cardon seco. É utilizada em portas, telhados, cadeiras, artesanato...

Foto: MB - los Cardones. Em detalhe a madeira, a mãozinha é para evitar o sol besta!


Foto MB - A flor do deserto florece por 2 a 3 semanas no verão. Dizem que quem dá uma flor de amamcay está oferecendo o coração...


Outra paradinha obrigatória é em Payogasta, de onde é possível ver os picos nevados de Cachi, de Palermo e de La Poma e comprar temperinhos básicos e típicos da região (lembre-se, não há empanada melhor que as salteñas!)

Foto: MB - sim, comprei um pouco de quase tudo!

Aquilo que não vou esquecer: Tudo que vi e, principalmente, a fragilidade do solo. Por ser um vale, os leitos dos rios transformam o solo em uma renda e o desmoronamento é muito comum. Fuja de lá se estiver chovendo!

O NOROESTE ARGENTINO: SALTA E JUJUY

Já pensou na possibilidade de ir do Vale à Puna em poucas horas e dialogar com diversidade e especificidade um dia inteirinho? Pois bem, no Noroeste Argentino, além de possível é um troço de embasbacar (sem qualquer relação com o soroche). É difícil registrar em foto. Alguns detalhes impressionam, mas não tanto quanto o todo que a vista alcança. Acredite, está tudo lá: as Serras Subandinas, a Cordilheira Oriental, a Puna e os Vales.

Foto: MB - Rio e estrada se confundem no Valle Calchaqui - Cuesta del Obispo, caminho de Cachi   

O roteiro que fizemos foi tímido, mas o suficiente para entender aspectos da região. Nosso quartel general foi Salta, La Linda! O primeiro deles, que fizemos com a Kalanchi Viajes y Turismo, nos levaria ao norte, por Purmamarca, até as salinas do altiplano. Nada disso. Justamente naquela manhã um piquete que envolvia questões trabalhistas da usina termoelétrica interditou a ruta entre Salta e Jujuy. Mudamos o rumo em direção ao sul e percorremos fantásticos 200 km do Valle de Lerma ao Valle Calchaquí. Visitamos Cachi.
Ainda extasiados, no dia seguinte rumamos em direção ao norte: Purmamarca – Tilcara – Humahuaca – San Salvador de Jujuy, e todos os povos que encontramos pelo caminho. Vou ter que repetir: é de embasbacar! É um abuso a quantidade de cores que vemos nas montanhas de lá. Desisti das salinas quando percebi que esses lugares não podem ser vistos “de passagem”. Estão lá para serem admirados com calma. Pensei: oba, oba, tenho que voltar!
Foto: MB - Quebrada de Humahuaca

Outros dois dias e noites foram dedicados a Salta. De acordo com o nosso jeito de visitar uma cidade e a siesta local, menos seria impossível.
Foto: MB - Torre da Catedral de Salta, vista do Cabildo

1.2.10

VOU ALI E JÁ VOLTO

Viagem é como filho, tem que ser planejado. Mas, como todo mundo sabe, imprevistos acontecem. Então, numa correria que só Deus sabe, vou fazer a mala básica e sair de férias. Destino: norte argentino. Um caloooooooor! Na volta, pode ser que eu me anime e escreva também sobre a capital portenha. Sim, há trocentas informações sobre ela, mas eu pretendo relatar o meu jeito de visitá-la. Quer um exemplo? É assim:

FOTO MB: CONGRESSO

Enquanto meu marido comia facturas eu procurava uma lavanderia self-service. Recebi a indicação de uma na calle Solis. Entrei, sorri e perguntei em bom portunhol - estávamos em 2005 e eu não conhecia o Sol Miró -, se eu poderia lavar a minha roupa. Uma senhora de fala amarga disse NÃO. Só ela poderia lavar e passar a minha roupa. Agradeci, mas quando me dirigia para a porta fui interrompida pelo solícito marido dela. Claro, ele não havia entendido nada... Antes de conseguir explicar alguma coisa para ele, a tal senhora, com os braços em  riste, dizia algo do tipo esses turistas brasileiros só querem encher o saco! Sorri, agradeci ao senhor e saí em busca de uma outra lavanderia. Quase 3 quadras depois encontrei um lavadero self-service, com placa que dizia lavado, planchado e perfumado. Foi onde, finalmente, lavei as roupas. Uma pechincha de $7,00 para lavar e secar duas máquinas de roupa (no hotel, uma bermuda custava $6,50). Voltei lá na semana seguinte.

FOTO MB: Callao

Enquanto eu esperava a roupa, resolvi caminhar pelas redondezas. Passei por diversas lojas comerciais: santerias, ferrerias cerrajerias,carniceria, librerias, sedanias, peluquerias e locutórios. Lembrei que precisava de agulha e linha verde. Perguntei onde poderia fazer isso e a resposta foi “en la merceria a izquierda”. Pensei comigo mesma: para onde diabos esse senhor está me mandando ir? Veja, eu acabara de ser expulsa de uma lavanderia... Mas fui, e na rua seguinte (Callao) encontrei um armarinho, melhor dizendo, encontrei la merceria. Era o paraíso das agujas y líneas verdes (diz-se berde). Ufa! Voltei ao hotel com roupa lavada, agulha e linha. A essa altura eu tinha caminhando por todo o bairro de Montserrat.


25.7.09

ESTÂNCIAS JESUÍTICAS DE CÓRDOBA (AR)

Formado por igrejas e conventos construídos por jesuítas entre 1616 e 1767, quando foram expulsos da região por Carlos III, o patrimônio considerado da humanidade pela UNESCO tem como ícone o quarteirão no centro histórico da cidade. Na Manzana Jesuítica estão o Colégio Nacional de Monserrat, a Igreja da Companhia de Jesus (1640) e a antiga Universidade Nacional de Córdoba (a primeira construída na Argentina e a quarta na América).
Foto: pátio da Universidade/Margareth Bastos
Na Igreja, com uma capela de cada lado, a celebração da missa acontece sob a abóboda de quilha invertida e o brilho do ouro do púlpito, do retábulo e das imagens sacras. Do pátio do Colégio de Monserrat, já muito modificado, visita-se o Museo Histórico de La Universidad (Casa de Trejo). Em seu Salón de Grados, as cortinas e as cadeiras são as mesmas que testemunharam horas de arguição dos formandos que por ali passaram nesses 400 anos.
Foto: Ruta 9/Margareth Bastos
Para entender melhor o restante dessa história, convém lembrar o ex-militar Santo Ignácio de Loyola e sua Companhia de Jesus que, “Para a Grande Glória de Deus”, deu o pontapé inicial naquela região. Se educação, missões evangelizadoras e, por consequência, conquistas territoriais sempre estiveram nos planos da Companhia, a criação de estâncias capazes de sustentar economicamente tal obra evangelizadora também fazia parte da estratégia. Assim, o que hoje conhecemos por Camino de las Estancias Jesuíticas, reúne as cinco estâncias compradas e construídas por jesuítas - Caroya (1616), Jesús Maria (1618), Santa Catalina (1622), Alta Gracia (1643), La Candelaria (1683) e San Ignacio (1725) -, e que serviram de residência para padres estancieiros, escravos e índios, para plantio e para criação de gado, abrigaram padaria, carpintaria, oficinas de ferreiros e tudo mais que se possa imaginar necessário para a época. San Ignacio, na serra de Calamuchita, já desapareceu, mas Caroya, 40 km ao norte do centro de Córdoba ainda está lá.
Foto: Estância Caroya/Margareth Bastos
A estância foi a primeira da Companhia e servia de residência de verão para os alunos do Monserrat. Entre 1814 e 1816 foi transformada em fábrica de armas para o Ejército del Norte, durante a guerra da independência. Em 1878, Avellaneda cedeu o uso daquelas terras aos imigrantes italianos vindos de Friulli, até que formassem um novo povoado próximo dali. Hoje é possível encontrar salames, pães e queijos coloniais em várias vendas na beira da estrada.

Seguindo para o norte até Sinsacate, em terras que foram dos indígenas sanavirones, começa o antigo Camino Real. Próximo do local onde se realiza um grande festival anual de doma e folclore há uma ponte de ferro sobre o rio. Basta cruzá-la para avistar Jesús María.

Foto: lateral da Estância Jesús Maria/Margareth Bastos
É possível visitar a igreja, a residência e a bodega onde era produzido e armazenado o vinho. Hoje esse complexo é sede do Museo Jesuítico Nacional: quadros, mobília, biblioteca, louça, vestimentas estão ali para serem vistos. A estância seguinte pelo Camino Real é Santa Catalina. De lá é possível avistar as Sierras Chicas, mas os vários caminhos incluem alguns quilômetros de estrada de terra. Mais distante, cerca de 130 Km, em plena Pampa de San Luis, e com acesso também por estrada de terra está a estância La Candelária, em ruínas. Logo, mudo o rumo para o sul e chego em Alta Gracia no final da tarde, com pouco tempo para conhecer o Museo Casa Del Virrey Liniers, a igreja paroquial, o primeiro canal de irrigação construído e o Museo Casa Ernesto Che Guevara (nascido em Rosário e morador de Alta Gracia entre os 4 e 16 anos, até 1940).
FotoMB: Museo de la Estancia Jesuitica de Alta Gracia - Casa del Virrey Liniers - Patrimônio da Humanidade
Se é na província de Córdoba, responsável por 4% do PIB, que os argentinos produzem carros de última geração, cultivam toneladas de grãos (milho, trigo e soja) e fabricam aviões militares, é na sua principal cidade, também chamada Córdoba, que eles conservam um dos patrimônios arquitetônicos mais importantes da Argentina. Não sei se uma coisa tem relação com a outra, mas que Córdoba é especial, ah, isso é.
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25.6.09

TIGRE E SAN ISIDRO

Se lhe agrada um modo alternativo de conhecer a região norte de Buenos Aires, acorde cedo e animado para viajar de trem urbano TBA. Esqueça o Tren de La Costa (moderno, com ar condicionado e estofamento confortável, que parte da estação ferroviária de Maipú e segue margeando a costa do Rio da Prata, numa viagem de 25 minutos), até porque acredito que o perfil que combina apenas com trem turístico não aprovará o passeio.
FOTOS MB: O maravilhoso mundo aquático no delta do Rio Tigre - jan/2009

PELOS TRILHOS:
Vá até a estação Retiro e compre bilhete de ida e volta (guarde o bilhete, pois ele será requisitado na saída da Estação). Já que você optou pela autenticidade de um trajeto com duração de 1 hora, aproveite para observar a paisagem urbana pela janela desde a primeira das 10 estações que separam a capital de Tigre. Verá, nem tão ao longe, o Aeroparque, a Hípica e o Hipódromo, o Estádio Monumental de Nuñez, as infinitas quadras de saibro, Palermo e seus bosques, Olivos e a Quinta Presidencial, San Isidro com suas ruas históricas, feira de artesanato na praça e a vista do Prata...
FOTO MB: Mirante em uma rua sem saída, com o Prata ao fundo

Opa! Vale desembarcar e caminhar um pouco pelas ruas de San Isidro para tomar um café, visitar lojas de decoração e utensílios domésticos, enfim, bisbilhotar.

Retorne para o trem e só desça em Tigre! Lá, a estação é grandiosa e fica próximo do pier das Catamarãs. Não perca tempo, entre em uma delas e deixe para circular a pé pelo centro de Tigre depois. No verão dá pra ver todo mundo se esbaldando no rio e nos Recreos (clubes).
Tem de tudo naqueles rios e canais, isso porque eles funcionam como ruas, as pessoas têm barcos ao invés de carros e piers no lugar de garagens.
Outra opção é visitar o Parque de La Costa, com diversos clubes desportivos, restaurantes e o maior parque de diversões da Argentina para de lá navegar pelo Rio.

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