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Mostrando postagens com marcador noroeste argentino. Mostrar todas as postagens
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10.3.10

HUMAHUACA: A TERRA DOS OMAGUACAS

Com uma população de 14.000 habitantes, Humahuaca é um dos principais povos da Quebrada. Portanto, é o lugar que oferece mais opções de hospedagem e alimentação. Suas ruas estreitas, com calçamento de pedra e as construções de adobe são os maiores atrativos, depois dos pontos “turísticos”: a Igreja Nossa Senhora da Candelária (1641), o Cabildo (com a imagem de San Francisco Solano), o Monumento à Independência (que permite uma ótima vista da cidade), o Museo Folklórico e as ruínas arqueológicas de Coctaca (9 Km).
Foto: MB - Monumento à Independência lá no alto e ao fundo

Não poderia deixar de mencionar o carnavalito de Humahuaca. Só vi a movimentação prévia e ouvi relatos sobre a grande festa que dura nove dias de fevereiro, tem ritos próprios - tais como o de enterrar e desenterrar o diabo e o de oferecer alimento à Pachamama (enterrando frutas e bebidas em buracos feitos para esse fim) -, e mantém viva uma tradição.



Foto: MB - Igreja Nossa Senhora da Candelária - no tour pela igreja é interessante ver as pinturas dos doze profetas feitas por Marcos Zapaca Inca (o mesmo da catedral de Cuzsco), em 1764, e a imagem da santa vestida em ouro.

Humahuaca é a entrada da região de Puna, onde fica Salinas Grandes (que não conheci por causa do piquete na ruta...). Tudo bem, acredito que haverá uma próxima vez!

Foto: MB
Enfim, depois de percorrer cerca de 800km das províncias de Salta e Jujuy, incluindo uma tímida circulada por San Salvador de Jujuy, só posso dizer que me surpreendi com tudo que vi, ouvi e senti. Acredito ser esse um roteiro que deve constar em qualquer lista de “lugares que se deve conhecer”.
Em tempo: Todo mundo, inclusive eu, quer saber sobre as cores das montanhas. Lá vai o que encontrei aqui ó.

9.3.10

PURMAMARCA

Quando vi Purmamarca pela primeira vez precisei de alguns minutos para entender que eu ainda estava no ano de 2010. Imagine um povoado absolutamente ocre, em terreno arenoso e avermelhado, ao pé de montanhas coloridas e com características incontestáveis da passagem dos espanhóis pelo altiplano. Fiquei boquiaberta.


Foto: MB - da estrada

A igreja, datada de 1648, é consagrada a Santa Rosa de Lima e monumento histórico nacional. Ao seu lado está o centenário (e belíssimo) algarrobo, cuja sombra da copa deu descanso às tropas do General Belgrano quando marchavam pela independência. Aliás, fiquei interessada em saber sobre tantas idas e vindas pela Quebrada desde o tempo do Império Inca...


Foto: MB

O Mercado de Artesanato transborda e toma a praça, que fica colorida por uma incontável variedade de mantas, gorros e tapetes. Por ruas laterais, uma caminhada de 4km nos leva ao Paseo de Los Colorados ou, ainda mais próximo, ao cemitério de altura - característico da região.

Foto: MB - a praça é verdadeiro mercado a céu aberto

Pumamarca é farta em hospedarias e a invasão de hotéis boutique começa a ficar evidente. A comida regional, com destaque para a carne de llama, também está bem representada. Mais uma vez, este é um lugar para observar detalhe por detalhe e absorver a quietude inabalada pelo movimento dos turistas.

2.3.10

QUEBRADA DE HUMAHUACA: DE SAN SALVADOR DE JUJUY ATÉ HUMAHUACA

O extremo noroeste da Argentina faz questão de destacar que é Kollasuyo (território sul do império Inca). Ao percorrer os 160km de vales e montanhas da Quebrada de Humahuaca, na província de Jujuy, a gente quase acredita que está em território boliviano ou peruano, tamanha fartura de rostos indígenas, tecidos coloridos e lã de lhama. Nem é tão absurdo pensar assim, já que a distância entre Humahuaca, cidade que dá nome a Quebrada, e La Quiaca, fronteira com a Bolívia, é de apenas 165km.

Fotos: MB - as cores de Purmamarca

É por essa Quebrada, de até 4 mil metros de altitude e declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, que encontramos vários pequenos povoados e uma paisagem extremamente colorida que, a todo e qualquer momento, se torna predominantemente ocre. Ela começa a 39 km de San Salvador de Jujuy, pela ruta 9, e o primeiro povoado é Volcán, criado em 1905, em torno da linha férrea que hoje em dia está inoperante. Lá, é possível conhecer a Laguna de Gronda, com 35 hectares de espelho d’água e a estação férrea de arquitetura inglesa. Em Pucará de Volcán ainda se vê casas indígenas “penduradas” nas bordas da Quebrada e o sítio arqueológico “El Antigal".
Foto: MB - o adobe
Mais adiante está Tumbaya, um antigo povoado indígena omaguaca, que preserva sua capela do século XVIII, com pinturas cusquenhas e peças de orfebrería (prata, ouro, cobre).


Fotos: MB - mais cores

Seguindo “ao infinito e além” chega-se em Purmamarca. Pequenina, colorida, simpática e aos pés do Cerro de los Siete Colores, Purmamarca produz impacto visual e cultural. As casas com muros e tetos de adobe (palha misturada ao barro) e o uso da carpintaria de cardón (o cactus do Parque Nacional Los Cardones, lembra?) é muito, muito peculiar.
Foto: MB - Purmamarca

Naquela região, cultuam tanto a Pachamama como o Deus dos cristãos. Sendo assim, o guia quase sequestra você até Humahuaca, pois é preciso chegar lá a tempo de receber a benção de San Francisco Solano. A imagem, que está no relógio do Cabildo, é uma das 3 em todo o mundo (será mesmo?) capaz de mover braços e cabeça na hora da benção. Ela sai da "casinha" diariamente e pontualmente ao meio-dia. 
Não por isso deixe de visitar Maimará para ver o Cerro Paleta del Pintor e Tilcara, que oferece o autêntico artesanato wichi.
Foto:  MB - Maimará - Paleta del pintor - Nas regiões quechuas e diaguitas, fortalezas (pulcará) eram erguidas pelos indígenas em alturas estratégicas. Os cemitérios também.

Em Huacalera, faça pose para uma foto sobre o imaginário Trópico de Capricórnio argentino e só então siga para Uquia. Lá, visite a pequena igreja do século XVIII, de altar entalhado à mão e observe "Los Angeles Arcabuceros" (arcanjos representados com armamento colonial espanhol). Cerca de uns 11 km depois de Uquia, seguindo por uma estrada sinuosa e colorida, você chega em Humahuaca. Em breve nos veremos lá!

Um resumo arqueológico do noroeste argentino pode ser visitado no Museo Arqueológico Dr. Eduardo Casanova, em Tilcara.

20.2.10

SALTA, LA LINDA!

Vou discordar daqueles que dizem que a primeira impressão é a que fica. Digo isso porque é o somatório das facetas dessa cidade simpática, de construções coloniais, musical e festeira, que imprime a sua marca. Exemplo: Desembarquei em Salta às 21:30hs, depois de um vôo de duas horas, que partiu do Aeroparque com atraso. Fim de dia? Que nada! Nessa hora, a Plaza 9 de Julio fervilha, de domingo a domingo, iluminada pelos prédios coloniais.


Foto: MB - Catedral Basílica - Museo Catedralicio Monsenhor Carlos M. Perez
Porém, se eu tivesse chegado às três da tarde poderia jurar que o urânio da região tinha sofrido alguma reação desordenada e exterminado toda a população. Tudo porque a cidade efetivamente dorme até as 18 horas, inclusive os cafés, os museus, os restaurantes... Gente, a cidade fica mais vazia que Curitiba no carnaval! Calma. Há pelo menos um oásis gastronômico, que só fecha depois das quatro: Tiempo Libre, na calle Buenos Aires com Alvarado. Simples, mas honesto.


Foto: MB – A quietude da rua e os balcões
A siesta é um desafio para quem deseja visitar, em apenas dois dias, as belíssimas igrejas, os museus e ainda ir em busca de alpaca, prata, couro e rodocrocita, seja no Mercado Artesanal ou nas peatonais Florida e Alberdi. O outro desafio é assistir uma peña até altas horas e madrugar para conhecer a igreja do Convento de San Bernardo, que só abre as portas entre seis e oito da matina. Juro, fiz isso!


Foto: MB - o cartão postal da cidade - Basílica de San Francisco
Retomando. Contorne a Plaza e planeje seu roteiro depois de observar os (rígidos) horários de visitação. Fora o de Antropologia, todos os museus estão ali: de Arte Contemporânea; do Teatro Provincial (ex Cine Teatro Victoria); Histórico do Norte (Cabildo); de Arqueologia de Alta Montanha (com as crianças incaicas do vulcão Llullaiaco); Catedralítico (que fica na Catedral Basílica, que está na praça). Veja, no Cabildo fomos gentilmente convidados a continuar a visitação no dia seguinte, com o mesmo ingresso, pois passava do meio-dia...




Se decidir ignorar a siesta, boa opção é caminhar pelas ruas coloniais, observando os balcões espanhóis que embelezam muitas fachadas ou passear no Cerro San Bernardo e desfrutar a vista da cidade e do Valle de Lerma. A subida/descida pode ser feita por teleférico ou por meio de 1070 degraus, no meio da mata, a partir do Museu de Antropologia de Salta Dr. Leguizamón, próximo ao monumento Güemes.
Foto: MB – Detalhe do Convento de San Bernardo


As igrejas podem ser visitadas entre seis da tarde e oito ou nove da noite: Catedral Basílica, San Francisco (o cartão postal), San José, Candelaria de La Viña... E por falar em igrejas, vi cinco cortejos de recém-casados. O percurso até o local da festa incluía uma voltinha pela Plaza, com eventual paradinha para fotos. Além do buzinaço, das latinhas amarradas e das faixas de papel, a única diferença que observei foi na decoração dos carros dos noivos que, sem exceção, sustentavam no teto um enorme cisne de isopor.

LINKS DA MESMA VIAGEM:

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/03/de-san-salvador-de-jujuy-ate-purmamarca.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/02/enfim-cachi.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/03/humahuaca.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/03/purmamarca.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/02/o-noroeste-argentino-salta-e-jujuy.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/02/salta-da-musica-e-dos-sabores-regionais.html

http://lidoefeito.blogspot.com.br/2010/02/valles-calchaquies-o-caminho-para-cachi.html

12.2.10

ENFIM, CACHI

Em quechua, Cachi significa sal. Na minha língua, significa visão-que-eu-queria-ter-da-janela-da-minha-casa-todas-as-manhãs. Com 5.000 habitantes, a maioria descendente da cultura Diaguita-Calchaquí, tem plantações de cebola e de pimentão e picos nevados. Está a 2.260 msnm, ao pé do Nevado de Cachi que, por sua vez, é o segundo maior monte depois do Aconcagua. Por isso, é um centro de treinamento para alpinistas.
Foto: MB - Igreja de São José (teto de madeira de cardon), ao lado do Museu de Arqueologia


Foto: MB - detalhe do painel pintado por Marcelo D. para o Museu de Arqueologia Pío Pablo Díaz, no Parque Arqueológico El Tero, 2007

A área do cemitério (construído no alto, como manda a tradição Inca) é um mirante. Ouvi histórias sobre OVNIs, mas não vi e nem fiquei pra ver... só sei que uma noite de lua cheia deve ser uma belezura. Outra história que me contaram é que os quintais das casas são verdadeiros sítios arqueológicos...


Foto: MB - vista do Mirador del Norte

Foto: MB - Casas de pedra e adobe rodeiam a igreja de são José (1796) e o Museu de Arqueologia. O tempo passa lentamente.


Foto: MB - O almoço, uma delícia: cabrito, claro!


Foto: MB - o único comércio aberto durante a siesta

post relacionado: O caminho para Cachi e O Noroeste argentino
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