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13.9.23

BELÉM DO PARÁ - PARTE 1

A primeira vez que estive em Belém do Pará foi em 2016. Um roteiro de quatro dias para ter um breve contato com a belle époque amazônica e com a cultura local. Parti de São Paulo em um vôo madrugueiro que posou na capital paraense às seis da manhã. Rumei imediatamente para o hotel escolhido dentre a grande oferta da cidade: New Inn Batista Campos. Onde fica? No bairro Batista Campos, centro da cidade, a 600 m do tradicional mercado Ver-o-Peso, a 3 km Baía do Guajará, a 350m do Pátio Belém Shopping Center e 12 km do Aeroporto Internacional Val-de-Cans. Um bairro que afirmo ser ideal para conhecer a cidade por meio de curtas caminhadas.


Minha primeira providência foi circular pelo bairro descrito como residencial, repleto de casarões e construções do século XIX e XX. O coração do bairro é a Praça Batista Campos, que é tombada pelo patrimônio histórico. Em 2005, foi considerada a mais bela praça do país, com pontes, bancos e coretos de ferro, córregos e caramanchões. Mas, afinal, quem foi Batista Campos, que dá nome ao hotel, à Praça e ao bairro? 

O Padre Batista Campos exerceu vários cargos de importância na vida política do Pará e foi um dos inspiradores do movimento da Cabanagem (1835), que pretendeu tornar a região independente. De imediato me encantei pela sumaúma da Praça que fica em frente ao Cemitério da Soledade, distante quadra e meia do hotel. Sim, o bairro tem um cemitério inaugurado em 1850 após um surto de febre amarela e varíola. 

Chama nossa atenção o fato das ruas do bairro, quase sempre com muitas mangueiras, homenagearem as tribos indígenas: Mundurucus, Tamoios, Timbiras, Caripunas, Pariquis e Apinagés. 


Praça Batista Campos: a grandiosa sumaúma atrai a minha atenção desde os tempos como assessora de imprensa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.


   BELÉM DO PARÁ EM CAMINHADAS DE 2KM (ou mais) POR DIA  

1. BASÍLICA DE NAZARÉ + CASA DAS ARTES + MUSEU EMÍLIO GOELDI

A emblemática Basílica Nossa Senhora de Nazaré dista 2km da Batista Campos. O trajeto desde a Praça até a Avenida N. S. de Nazaré (a mesma por onde segue o Círio nos meses de outubro), vale uma paradinha no Catarina Café e Bistrô, a observação do casario belenense e caminhar pela Praça Milton Trindade. 


Na Avenida, a sede do Clube do Remo (o Leão Azul, de 1905), comércio variado e o Colégio Gentil Bittencourt, de onde se avista o portal que anuncia a aproximação da praça do santuário onde está a Basílica.



A procissão do Círio foi registrada pelo IPHAN (2004), como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial. Reúne milhões de fiéis no trajeto que vai da Catedral da Sé, perto da Baía do Guajará (pros lados do Ver-o-Peso) até a Basílica de Nazaré. A Basílica é muito bonita e refrigerada. São cinco naves com vitrais franceses que contam a história do Círio e em suas paredes há vários mosaicos italianos.



Na lateral da Basílica de Nazaré, do outro lado da rua, está o Instituto de Artes do Pará - a Casa das ArtesO prédio foi construído na segunda metade do século XIX para, então, funcionar o 15º Batalhão de Infantaria do Exército. O espaço oferece exposições, oficinas e palestras. Nele, chamou a minha atenção a instalação Cobra comendo cobra, de Acácio Sobral (2005), feita em buriti de Abaetetuba (ou miriti, como é nomeado na região) e que eu havia visto exposta no MOM, em Curitiba. O buriti é matéria prima artesanal representativa do estado. Tanto a folha quanto o seu talo são transformados em peças artesanais que vão de brinquedo à móveis, sem que seja extraída a palmeira. 



Mais 10 minutinhos de caminhada, ainda no bairro de Nazaré, chega-se ao Museu Paraense Emílio Goeldi, mais exatamente ao Parque Zoobotânico do Museu, fundado em 1895, sendo, portanto, o mais antigo do Brasil. O espaço abriga uma significativa mostra da fauna e flora amazônicas. Ou seja, para um ser urbano como eu, a sensação é de estar no meio da floresta. É a glória!


Para ter a dimensão das árvores, há um totem do botânico Jacques Huber (1895)
em tamanho natural, na foto da direita. 

O prédio principal abriga exposições, o antigo laboratório fotográfico abriga café, livraria e loja de artesanato que comercializa produtos de povos indígenas, populações tradicionais, artesãos e designers. 


Saí de lá antes do anoitecer (o que acontece por volta das 17h) e não sem antes  saborear, pela primeira vez na vida, uma de-li-ci-o-sa coxinha de caranguejo e adquirir, na loja do Museu, as cuias de tacacá dos povos originários Mehinako e Kayapó. 


Faço um parêntesis para falar do quiosque do Parque, que vende coxinha de caranguejo. Se encontrá-lo no caminho, não exite!


2. BAÍA GUAJARÁ + CIDADE VELHA

A Cidade Velha é a Primeira Légua Patrimonial, ou seja, onde Francisco Caldeira Castelo Branco e outros 150 homens vindos do Maranhão se estabeleceram para, na visão da época (1616), tomar posse da terra de entrada da Amazônia para o império português. A primeira edificação foi o Forte do Presépio, não como é hoje, mas que deu origem ao desenvolvimento da cidade.

Catedral Metropolitana, Museu de Arte Sacra - Igreja de Santo Alexandre ou de São Francisco -, ambas edificações na Praça Frei Caetano Brandão, no coração da cidade velha. 



Cruzando a Praça na direção do rio, estão a Casa das Onze Janelas - onde funciona o Museu de Arte Contemporânea - e o Forte do Presépio



Do Forte, olhando para a direita é possível avistar o Mercado Ver-o-Peso; para o fundo, as torres da Sé e de Santo Alexandre; ao sul, estão a opulenta Igreja de N.S. do Carmo e o Mangal das Garças.



Urnas marajoaras estão em exposição permanente no Forte do Presépio.


A Igreja do Carmo é de estilo pombalino, com fachada de pedra talhada em Portugal. O Mangal das Garças é um parque zoobotânico, criado em 2005, onde garças, flamingos, guarás e borboletas circulam livremente. 



 3. VER-O-PESO + ESTAÇÃO DAS DOCAS

Eis aqui, às margens do Guajará, pela Av. Portugal, os símbolos da cidade: a Feira do Açaí, o Mercado de Ferro, o Mercado Municipal de Carne, o Mercado Ver-o-Peso e a Estação das Docas

Há quem goste da ideia de acordar muito cedo e visitar a Feira do Açaí para ver o desembarque e a comercialização da fruta que será distribuída para o mundo! A Feira acontece na madrugada e até às 5 horas da manhã é possível apreciar o movimento. Pulei essa experiência e quando lá cheguei a rua fervilhava de gente.

Da Praça do Relógio ao entreposto comercial - Feira do Açaí


Ao lado da Feira, o mercado de peixes - Mercado de Ferro


Em seguida ao Mercado de Ferro, a primeira "rua" do Ver-o-Peso
 
No Ver-o-Peso tem de tudo: artesanato, garrafadas, ervas medicinais, farinhas, frutas da região, temperos, comida fresca - tacacá, maniçoba, tucupi... uma lista que parece não ter fim. É de se perder nos 25 mil metros quadrados do mais antigo mercado do país (1625). Mas, se o seu interesse for por ervas medicinais em pacotinhos, basta atravessar a rua e visitar uma das várias lojas ao lado do interessante Mercado de Carnes.


Mercado Municipal de Carne Francisco Bolonha


Loja de produtos naturais

A Estação das Docas poderia ser um capítulo à parte. As docas de carga do antigo porto foram transformadas em restaurantes, lojas, bares, sorveteria, teatro e espaço para eventos. Há também um terminal de passageiros de onde partem os barcos de passeio pela baía do Guajará.




Lá é possível saborear as principais iguarias da cidade: a Sorveteria Cairu - que está na lista das melhores 50 sorveterias do mundo -, e o restaurante Lá em Casa (Manioca) são dois ótimos exemplos.


Na Cairu tem sorvete de tapereba, bacuri, carimbó, muruci, uxi, tapioca... 


4. CASA DA LINGUAGEM - CURRO VELHO + TEATRO DA PAZ + IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS E SÃO BENEDITO

Casa da Linguagem ocupa um prédio de 1870 e faz parte do conjunto de antigas edificações de Belém. Assim como o Curro Velho (ambos são administrados pela Fundação Cultural do Pará), a Casa oferece cursos voltados para artes cênicas, música e artes visuais e abriga exposições e biblioteca.


Além da beleza do prédio e do jardim, a produção dos alunos que estão expostas contribuem para a ambientação do visitante: cultura local na veia.


Seguindo na direção da Praça da República, cerca de 300m da Casa da Linguagem, a visita imperdível é ao Teatro da Paz.

PRAÇA DA REPÚBLICA E O THEATRO DA PAZ

Salta aos olhos o luxo e a riqueza dos detalhes do prédio neoclássico inaugurado no auge da produção da borracha (1875): pano de boca pintado em Paris, teto pintado com figuras mitológicas, piso em parquê de madeiras nativas (Pau Amarelo e Acapu), cadeiras de Pau Amarelo e palhinha (por causa do clima quente do Pará), e outros tantos detalhes que vale a visita guiada que acontece a cada hora, de terça a domingo.



A Igreja de Nossa Senhora do Rosário é um dos edifícios representativos do Brasil Colônia, do arquiteto Antonio Landi e também vale uma visita. É do século XVIII e fica no bairro Campina. Ainda conserva as janelas com rótulas de urupema - um tipo de palmeira rara naquela região.


5. MUSEU DE GEMAS - ESPAÇO SÃO JOSÉ LIBERTO

Espaço São José Liberto é conhecido como o polo joalheiro da cidade de Belém. O prédio, inicialmente, foi ocupado por um convento. Em seguida, nas ruínas do convento, foi erguida a cadeia pública. Essa memória está preservada na Capela do Jesus Suspenso e na cela Cinzeiro, ambas abertas à visitação. As demais celas são lojas de artesanato, oficinas de joalheria e comércio de jóias. Além disso, o espaço dispõe de uma arena coberta para apresentações musicais, exposições, eventos de dança e de teatro.

o antigo pátio de sol dos detentos hoje é um jardim com chafariz e quartzos grandes que refletem (e muito) a luz do sol.


   AS ILHAS E AS PRAIAS DE RIO   

1. ILHA DO COMBU

Belém do Pará tem mais de 30 ilhas, muitas delas sem qualquer urbanização. A Ilha do Combu, de tão próxima do centro, está acessível por barco que parte da Praça Princesa Isabel. O trajeto pelo Rio Guama e pelo igarapé Combu dura 15 minutos, que é tempo suficiente para percorrer os 1.000 metros de distância. Com poucas casas ribeirinhas e muitos restaurantes em palafitas, Combu é uma grande fornecedora de insumos para a gastronomia - que diga o chef Thiago Castanho, do Remanso do Bosque. É lá a Casa do Chocolate da D. Nena, que oferece visita guiada na plantação e na fábrica. Só não vá muito cedo. Os restaurantes só funcionam a partir do meio-dia.


No Remanso do Bosque, com o chocolate da D. Nena na sobremesa: Caprese marajoara (queijo marajoara); Filhote assado na brasa com salada de feijão manteguinha; Brownieoca ao bacuri (bolo quente de macaxeira com chocolate branco, bacuri fresco, castanha do Pará e creme inglês de baunilha).

2. ILHA DO MOSQUEIRO| PRAIA DO FORTE | PRAIA DO CHAPÉU VIRADO

A Ilha do Mosqueiro é distante do centro cerca de 70km. É acessível pela BR 316, em ônibus regular, que parte do terminal rodoviário. A Ilha oferece 15 praias de água doce, restaurantes, pousadas e hotéis. As praias mais movimentadas são a do Chapéu Virado e do Forte (em frente a Ilha dos Amores). A mais tranquila e do mais belo pôr-do-sol é a Praia de Marahú.





3. ICOARACI | PRAIA DO CRUZEIRO | PARACURI

ICOARACI é distante do centro cerca de 20km, às margens do Rio Maguari e com a praia artificial do Cruzeiro. O ponto alto da visita é a caminhada pela orla, pois quase sempre a praia é imprópria para o banho. 



É na caminhada pela orla que encontramos um polo de artesanato marajoara, na "Feira de Artesanato do Paracuri". Se puder, visite as olarias e artesãos do bairro do Paracuri, distante 2,5km do local da Feira. 



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